Floortime na prática: como a terapia ajuda crianças com autismo a se desenvolverem com afeto e intenção
- contas495
- 5 de out.
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Você já percebeu que seu filho com autismo transmite sinais — por um olhar, uma brincadeira ou um gesto, e que o maior desafio pode ser interpretá-los? No CERVIM, adotamos o método DIRFloortime®, que parte da crença de que o vínculo e a conexão emocional precedem o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Cada passo é respeitado, com técnica e com acolhimento.
O que é o modelo DIRFloortime
O modelo DIR (Developmental, Individual‑difference, Relationship‑based) sustenta que o desenvolvimento infantil ocorre a partir de três pilares essenciais:
Desenvolvimento: estágios de capacidades sociais e emocionais.
Diferenças Individuais: como cada criança percebe e processa estímulos.
Relações: o vínculo com o cuidador como base da aprendizagem.
O Floortime ("tempo no chão") é a estratégia de interação espontânea e relacional: o terapeuta entra no mundo da criança, interage de acordo com suas iniciativas e vai ampliando esses momentos com desafios e provocações sutis.
Segundo o site oficial do DIR, o DIRFloortime possui uma das bases de pesquisa mais robustas entre intervenções para o autismo, com estudos de caso, delineamentos de grupo, ensaios controlados e revisões sistemáticas (ICDL, 2024).
O que dizem os estudos científicos
Um estudo realizado por pesquisadores da USP e da UFES acompanhou 15 crianças com TEA entre 2 e 6 anos por 18 meses em centros privados que aplicavam DIRFloortime. Os resultados mostraram melhora nas capacidades funcionais e emocionais, aumento da interação social e do engajamento nas brincadeiras com os pais (PMC, 2022).
Uma revisão sistemática publicada em 2023 no Perceptual and Motor Skills Journal constatou que o modelo estimula comportamentos de apego e é eficaz para crianças com autismo em diferentes níveis de severidade (PMC, 2023).
Outro estudo, realizado na Tailândia pela Universidade de Mahidol, acompanhou 34 crianças com intervenção domiciliar de Floortime por um ano. Os resultados indicaram que 47% apresentaram bom progresso, com melhoria na interação social e comunicação funcional (Pajareya & Nopmaneejumruslers, 2012).
Floortime na prática infantil
Na sessão de Floortime, a terapeuta:
Pode se posicionar no chão, no nível da criança.
Observa os interesses espontâneos da criança.
Entra na brincadeira ou exploração, apoiando as intenções dela.
Estabelece ciclos de comunicação: pausas, espera ativa, retomada e ampliação.
Expande gradualmente o repertório de interação, conforme a criança responde.
Esse processo percorre os seis níveis do desenvolvimento socioemocional propostos no modelo DIR, incluindo autorregulação, comunicação intencional, pensamento simbólico e resolução de problemas.
O papel da família
Os cuidadores são capacitados para aplicar os princípios do Floortime no cotidiano. Isso permite que os ganhos da terapia sejam expandidos para casa e escola. Um estudo publicado pelo National Center for Biotechnology Information mostrou que o envolvimento ativo dos pais melhora significativamente o desenvolvimento da criança com TEA (PMC, 2018).
Limitações e recomendações
Embora os resultados sejam promissores, o DIR/Floortime ainda é classificado como prática emergente por algumas revisões científicas. A evidência cresce, mas ainda há necessidade de estudos randomizados com amostras maiores e seguimento em longo prazo.
Por isso, é fundamental que o Floortime seja conduzido por profissionais capacitados e integrado à atuação interdisciplinar.
Conclusão
No CERVIM, acreditamos que cada olhar, gesto e momento de conexão importam. O Floortime é mais que um método: é uma filosofia de intervenção que respeita o tempo da criança e prioriza a relação como ponto de partida para o desenvolvimento. Se você quer conhecer mais de perto essa abordagem, nossa equipe está pronta para acolher você e sua família.
Referências:
ICDL. (2024). Research on DIRFloortime®. https://www.icdl.com/research
PMC. (2022). Estudo brasileiro sobre DIRFloortime em crianças com TEA. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9475800/
PMC. (2023). Systematic review of DIRFloortime. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10275467/
Pajareya, K. & Nopmaneejumruslers, K. (2012). Mahidol University, Thailand.
PMC. (2018). Parental involvement in DIR therapy. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6234967/





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